Nestes dois primeiros meses do ano, o eixo Serra-Aracruz-Linhares está com tudo no que diz respeito a geração de empregos. Na verdade, não é nenhuma surpresa, já que esse processo já é conhecido e esperado, mas que evidencia sua solidez. As três cidades estão entre as que mais têm recebido investimentos públicos e privados, e há um robusto projeto de dinamização entre elas. 4v6m3a
Segundo dados divulgados na última sexta-feira (28) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e compilado pelo TEMPO NOVO, a Serra lidera a geração formal de empregos nos dois primeiros meses deste ano, com 1.213 postos de trabalho criados (indicador resultante da relação entre issões e demissões). Aracruz e Linhares ocupam o segundo e terceiro lugares, com 1.087 e 941 postos de trabalho gerados, respectivamente.
Só para se ter uma ideia de quão expressivos esses números são no contexto geral do estado, a Serra sozinha foi responsável por 17,68% das vagas de emprego geradas em todo o ES, que, nos dois primeiros meses deste ano, apresentou saldo positivo de 6.861 vagas. Aracruz representou 15,84% e Linhares, 13,72%. Juntas, as três cidades representam 47,24% do total de empregos gerados no Espírito Santo, ou seja, quase metade.
Essa configuração, apesar de esperada, reflete também um movimento expressivo no mapa do emprego capixaba, que cada vez mais se interioriza, algo diferente do recorte histórico, que sempre foi centralizado na Grande Vitória, especialmente na capital. Para se ter uma ideia, após os três primeiros (Serra, Linhares e Aracruz), vêm Vila Velha (793), Cachoeiro de Itapemirim (497), Cariacica (260), Colatina (230) e, por fim, Vitória (220).
Na Serra, o setor de Serviços segue sendo o que mais abre postos de emprego. Somente em janeiro e fevereiro, foram 665 vagas criadas (7.231 issões / 6.566 demissões). A Serra é muito vocacionada para esse setor, que é amplo, mas sempre se destaca na abertura de vagas de nível médio, especialmente na área de logística, na qual o município é líder e possui altos níveis de empregabilidade.
O segundo segmento com maior abertura de vagas foi o setor de Construção, com um saldo positivo de 475 vagas (3.774 issões / 3.299 demissões). Nesse setor, de longe a maior demanda foi para ajudantes de obras, que sozinhos geraram um saldo positivo de 218 vagas, um dos perfis de mão de obra mais demandados na Serra. Este é um setor interessante, que parece estar em ebulição, já que as previsões para a atividade imobiliária são positivas, com o aumento de unidades residenciais e comerciais a serem lançadas este ano, especialmente no eixo Laranjeiras x Manguinhos, que deve receber os maiores volumes de lançamentos. Além disso, há os investimentos públicos em infraestrutura, algo já característico da Serra.
O total de saldo positivo é completado com 147 vagas abertas no setor da Indústria. Resultado contrário apresentou o setor Agropecuário, com saldo negativo de -6 postos de trabalho, o que é relativamente comum, já que se trata de um setor com poucos investimentos na cidade. O Comércio, com desempenho ligado à sazonalidade, foi o setor que mais apresentou queda neste início de ano, com saldo negativo de -68 vagas de emprego. Isso não surpreende, pois se trata do descarte de excedente de mão de obra temporária contratada para o período de dezembro do ano anterior.
Se na Serra os setores de Serviços e Construção são os que mais geram novos postos de trabalho, no interior-norte, esse papel cabe à indústria. Em Aracruz – 2ª que mais gerou postos de emprego – o setor industrial sozinho gerou 963 vagas a mais. Em Linhares – 3ª na geração de empregos até o momento – o setor industrial também se destacou, criando 292 vagas, atrás somente de Serviços, com 543 postos de emprego.
Linhares e Aracruz estão no centro de um processo de dinamização econômica do Espírito Santo, que se intensificou com a extensão da Sudene até Aracruz, criando as condições para o desenvolvimento de um plano de investimentos públicos e privados a partir de um complexo portuário e a instalação de uma Zona de Processamento de Exportação em Aracruz. É dentro dessa ideia que o Governo do Estado criou um programa chamado ParkLog, que pretende criar sinergias entre essas duas cidades, somadas aos municípios vizinhos, entre os quais a Serra, que podem se ajudar e crescer juntas.
Na Serra, entende-se que o município pode se tornar uma espécie de retroárea para as atividades portuárias de Aracruz, considerando as dificuldades de terreno naquela cidade, onde a Suzano possui vastos territórios, além dos remanescentes das comunidades indígenas. Essa característica pode fazer da Serra uma área de escape para atender à demanda crescente de serviços, produtos e mão de obra para Aracruz e Linhares, intensificando esse movimento de criação de postos de trabalho que coloca as três cidades no topo do ranking, deixando para trás Vila Velha e Vitória, por exemplo, que historicamente sempre figuraram entre as primeiras.